Pular para o conteúdo
Home » Todos os posts » Como os astronautas suplementam no espaço?

Como os astronautas suplementam no espaço?

6 minutos de leitura

Após 9 meses, os astronautas Butch Wilmore e Suni Williams retornaram ao planeta terra. E muito se questiona sobre como será esse retorno deles para o mundo ”real”.

Para que os riscos sejam minimizados, foi essencial manter uma alimentação saudável no espaço, mesmo sendo um grande desafio que exige um planejamento rigoroso.

Isso porque a microgravidade do espaço pode dificultar a digestão, fazendo com que os alimentos precisem ser preparados em texturas mais fáceis de consumir, como pastas, cremes e sopas.

Por esse motivo, a suplementação passa a ser necessária para suprir as carências nutricionais e minimizar os efeitos da microgravidade nos astronautas.

A seguir, você vai descobrir quais são os principais desafios da nutrição em missões espaciais e quais suplementos garantem o bem-estar dos tripulantes!

Os desafios  da alimentação no espaço

Um dos principais problemas da alimentação no espaço é a microgravidade, que afeta a forma como os alimentos são armazenados, preparados e consumidos.

Ou seja, sem a ação da gravidade, os alimentos não se comportam como na Terra, tornando a deglutição mais difícil, o que afeta todo o processo digestivo.

Além disso, a redistribuição dos fluidos corporais pode alterar a percepção do paladar, tornando necessário o uso de temperos mais intensos para realçar o sabor.

Outro ponto a se destacar é a segurança alimentar, já que qualquer tipo de contaminação pode representar risco à saúde.

Sendo assim, para evitar problemas, os alimentos passam por processos rigorosos de esterilização e são embalados a vácuo.

Bem como, os astronautas seguem protocolos de higiene rigorosos durante o manuseio dos alimentos, garantindo a qualidade da dieta.

Como a microgravidade afeta o corpo humano?

A ausência de gravidade impacta o organismo, causando mudanças estruturais e funcionais.

Entre os principais problemas enfrentados pelos astronautas estão a perda de massa óssea, a atrofia muscular, a exposição à radiação e a falta de luz solar.

A perda óssea ocorre porque, sem a resistência natural da gravidade, o corpo reduz a densidade dos ossos, tornando-os mais frágeis.

No geral, estima-se que os astronautas percam até 1,5% da densidade óssea por mês, aumentando o risco de fraturas.

Já os músculos, por sua vez, também se deterioram rapidamente, pois não precisam sustentar o peso do corpo.

Dito isso, para minimizar esses efeitos, a rotina de exercícios físicos a bordo precisa ser intensa, com atividades aeróbicas e de resistência.

Outro desafio é a exposição à radiação cósmica. Visto que, sem a proteção do campo magnético terrestre, os astronautas ficam vulneráveis a doses elevadas de radiação, aumentando o risco de câncer e outras doenças degenerativas.

Além disso, a ausência de luz solar compromete a produção natural de vitamina D, que é essencial para a saúde óssea.

Suplementos essenciais para astronautas

Os astronautas recebem suplementação rigorosa para minimizar os impactos das condições extremas em que vivem no espaço. Conheça abaixo alguns dos suplementos mais utilizados por esses profissionais:

Vitamina D

Sem a exposição à luz solar, os astronautas não conseguem produzir vitamina D naturalmente, o que torna essencial a suplementação.

Esse nutriente é importante para a absorção do cálcio, resultando na manutenção da densidade óssea.

Sem a vitamina D, os ossos podem se tornar ainda mais frágeis, aumentando o risco de fraturas.

Cálcio

Como dito acima, a falta de gravidade faz com que os ossos percam até 1,5% de sua densidade por mês.

Por conta disso, os astronautas correm um grande risco de desenvolver osteoporose e sofrer fraturas.

Então, para combater essa deterioração, a suplementação de cálcio é fundamental, garantindo que o corpo tenha um suprimento adequado desse mineral.

Ômega 3

A microgravidade também afeta a musculatura, causando atrofia e reduzindo a força dos astronautas.

Neste sentido, o ômega 3 ajuda a reduzir a inflamação e preservar a massa muscular, contribuindo também para a saúde do cérebro e do sistema cardiovascular.

Bem como, o suplemento pode ajudar a combater os efeitos da radiação e fortalecer as defesas do organismo.

Ferro

A microgravidade pode afetar a produção de glóbulos vermelhos, levando a um quadro conhecido como “anemia espacial”.

Para prevenir essa condição e garantir a oxigenação adequada dos tecidos, os astronautas suplementam ferro regularmente, especialmente aqueles que apresentam tendência à deficiência desse mineral.

Vitamina B12

A vitamina B12 é outro nutriente fundamental para a formação dos glóbulos vermelhos e para a saúde do sistema nervoso.

Como os alimentos espaciais processados podem conter níveis reduzidos dessa vitamina, a suplementação se torna indispensável.

Magnésio

O magnésio exerce um papel fundamental na contração muscular e na manutenção da densidade óssea.

No espaço, onde há maior risco de perda muscular e óssea, esse mineral é suplementado para reduzir os impactos da microgravidade e garantir o funcionamento adequado do metabolismo.

Proteínas

Como os músculos se atrofiam rapidamente sem a resistência da gravidade, os astronautas precisam consumir proteínas em quantidades adequadas.

Além da dieta, a suplementação de proteína, na maioria das vezes na forma de whey protein, colágeno ou proteína vegetal, ajuda a reduzir a perda muscular e a manter a força durante a missão.

Antioxidantes

Sem a proteção do campo magnético do planeta Terra, os astronautas ficam expostos a altos níveis de radiação cósmica, o que pode aumentar o risco de câncer e acelerar o envelhecimento celular.

Por isso, a suplementação com antioxidantes, como vitamina C, vitamina E e selênio, é essencial para neutralizar os radicais livres e proteger as células contra danos.

Como funciona a readaptação à Terra?

O retorno ao planeta não significa o fim dos desafios para os astronautas. Uma vez que, após longos períodos em microgravidade, o organismo precisa se readaptar à força gravitacional terrestre, o que pode levar semanas ou até meses.

Nos primeiros momentos após o pouso, muitos astronautas precisam de apoio para caminhar, pois o equilíbrio e a coordenação motora ficam comprometidos.

Por isso, o processo de recuperação contém um programa intensivo de exercícios físicos para restaurar a força muscular e a densidade óssea.

Além disso, uma equipe médica monitora constantemente os tripulantes, ajustando protocolos conforme necessário.

Neste contexto, as estatísticas indicam que cerca de 92% dos astronautas sofrem algum tipo de lesão após a volta à Terra, sendo as mais comuns as distensões musculares e os problemas ósseos.

Referências

CAMPIS,I M.; CANNELLA, L, PAVANELLO, S. Cosmic chronometers: Is spaceflight a catalyst for biological ageing?. Ageing Res Rev, v. 95, 1-31, 2024.

KANDARPA, K.; SCHNEIDER, V.; GANAPATHY, K. Human health during space travel: An overview. Neurology India, Neurological Society of India, p. S176-S181, 2019.TANG, H. et al. Long-Term Space Nutrition: A Scoping Review. Nutrients, v. 14, n. 194, p. 1-30, 2022.

Avalie este post

Nutricionista – CRN 58462

Graduada em Nutrição pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) e pós-graduada em Comportamento Alimentar pelo Instituto de Pesquisas, Ensino e Gestão em Saúde (IPGS), Suzana possui ampla experiência na interface entre ciência e prática clínica.

Com um histórico de atuação em pesquisa científica e produção de conteúdos baseados em evidências, sua trajetória abrange desde a criação de materiais técnicos até consultorias relacionadas à alimentação e suplementação.

Atualmente, dedica-se ao marketing de conteúdo, com foco na divulgação de informações científicas de qualidade, além de contribuir para a educação alimentar por meio de textos e materiais direcionados ao público.

Suzana também colabora no desenvolvimento de estratégias para promover escolhas alimentares saudáveis e responsáveis, mantendo seu compromisso com a excelência científica e ética profissional.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

sete − 6 =


O período de verificação do reCAPTCHA expirou. Por favor, recarregue a página.