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Se engana quem pensa que as doenças intestinais se resumem a prisão de ventre ou diarreia, uma vez que elas afetam a imunidade, o metabolismo, o humor e a absorção de nutrientes.
No geral, muitas dessas doenças começam de forma silenciosa, mas podem evoluir para quadros graves, como inflamações crônicas, intolerâncias alimentares e até câncer intestinal.
Por isso, entender os sinais, as causas e as formas mais eficazes de prevenção e tratamento é essencial para manter a saúde em equilíbrio e evitar complicações futuras.
Sumário
Quais são as principais doenças intestinais?
Conheça abaixo as doenças intestinais que mais costumam ocorrer e seus principais fatores de risco:
Diverticulite
A diverticulite ocorre quando os divertículos (pequenas bolsas na parede do intestino grosso) inflamam ou infeccionam.
Com isso, ela pode provocar dor forte no lado inferior esquerdo do abdômen, febre, náuseas e alterações nas fezes.
No geral, a diverticulite é mais comum em idosos e em pessoas que mantêm uma alimentação pobre em fibras.
Assim, o tratamento varia conforme a gravidade, podendo envolver antibióticos, repouso intestinal e, em casos graves, cirurgia.
Síndrome do intestino irritável
A síndrome do intestino irritável é uma condição que costuma afetar o intestino grosso, provocando dor abdominal recorrente, inchaço, gases e alterações no hábito intestinal.
Na maioria dos casos, ela tende a alternar entre episódios de prisão de ventre e diarreia. Sendo mais comum em mulheres entre 20 e 40 anos e costuma ser associada ao estresse, má alimentação e histórico de infecções intestinais.
Não há cura, mas o tratamento melhora a qualidade de vida, o que inclui mudanças nos hábitos alimentares, uso de probióticos, prática de exercícios físicos e, em alguns casos, uso de medicamentos como antiespasmódicos.
Doença de Crohn
A doença de Crohn é uma inflamação crônica que pode afetar qualquer parte do sistema digestivo, do esôfago ao reto, embora o intestino seja o local mais comum.
Os sintomas envolvem diarreia persistente (às vezes com sangue), dor abdominal intensa, febre, perda de peso e anemia. Em fases avançadas, podem surgir complicações como fístulas e abscessos.
No geral, a causa exata ainda é desconhecida, mas fatores imunológicos, genéticos e ambientais estão envolvidos.
Assim, o tratamento é realizado com medicamentos anti-inflamatórios, imunossupressores e, em casos mais graves, cirurgia para remoção dos segmentos afetados.
Retocolite ulcerativa
A retocolite ulcerativa afeta apenas o intestino grosso e o reto. Ela causa feridas (úlceras) na mucosa intestinal, resultando em cólicas, vontade súbita de evacuar, muco ou sangue nas fezes e episódios de diarreia intensa.
Além disso, em fases mais severas, pode haver febre e dor abdominal constante. Já o diagnóstico é feito por colonoscopia com biópsia.
Por outro lado, o tratamento inclui medicamentos anti-inflamatórios, corticóides, imunobiológicos e mudanças na alimentação. Quando os sintomas não respondem ao tratamento clínico, pode ser necessária cirurgia.
Disbiose
A disbiose é o desequilíbrio na microbiota intestinal, que pode surgir após uso prolongado de antibióticos, má alimentação, estresse ou infecções.
Entre os sintomas estão distensão abdominal, gases, cansaço excessivo, alteração no humor, dificuldade para emagrecer e intolerâncias alimentares.
Desse modo, o tratamento é baseado na correção da alimentação, uso de prebióticos e probióticos e, em alguns casos, suplementação para reparar a mucosa intestinal.
Intestino permeável
O intestino permeável é uma condição na qual a barreira do intestino se torna mais “vazada”, permitindo a entrada de toxinas, bactérias e partículas alimentares na corrente sanguínea.
Isso gera uma inflamação crônica que pode desencadear doenças autoimunes, alergias, fadiga e distúrbios digestivos.
Assim, as causas comuns incluem estresse crônico, dieta inflamatória (rica em açúcar, gorduras de má qualidade e ultraprocessados), uso de anti-inflamatórios e antibióticos.
O tratamento envolve modulação intestinal com probióticos, glutamina, vitamina D, magnésio e aumento da ingestão de alimentos anti-inflamatórios, como vegetais, frutas, sementes e peixes.
Doença celíaca
A doença celíaca é uma reação autoimune ao glúten, proteína presente no trigo, centeio, cevada e, em alguns casos, na aveia.
Em pessoas celíacas, o contato com o glúten causa destruição da mucosa do intestino delgado, comprometendo a absorção de nutrientes.
Diante disso, os sintomas variam entre diarreia crônica, dor abdominal, anemia, perda de peso, osteoporose e até depressão.
Neste caso, o único tratamento eficaz é a exclusão total do glúten da dieta, o que permite a recuperação intestinal com o tempo.
Hemorroida
As hemorroidas tratam-se de veias inchadas na região do reto ou ânus que podem causar dor, coceira, sangramento ao evacuar e sensação de peso anal.
Assim, elas estão relacionadas ao esforço durante a evacuação, prisão de ventre e gravidez.
Com isso, o tratamento depende do grau da hemorroida e pode ser por meio de dieta rica em fibras, banhos de assento, pomadas específicas e, em alguns casos, cirurgia.
Intolerância à lactose
A intolerância à lactose é causada pela baixa produção da enzima lactase, que é responsável por digerir a lactose presente no leite e seus derivados.
No geral, este problema pode ser genético ou surgir após infecções ou doenças como a Doença de Crohn.
Os sintomas comuns são gases, diarreia, inchaço e dor abdominal logo após consumir alimentos com lactose.
Já o tratamento é feito com dieta restrita de lactose e uso de enzimas lactase antes das refeições (de forma moderada).
Como tratar as doenças intestinais?
Antes de tudo, o tratamento das doenças intestinais deve sempre considerar a causa e a individualidade do paciente.
Em geral, o acompanhamento com gastroenterologista, nutricionista e psicólogo oferece os melhores resultados.
Além disso, pode ser preciso aderir a alguns suplementos. Alguns produtos da Vhita, por exemplo, como vitamina D, magnésio, cúrcuma e resveratrol, podem ser aliados importantes por seu efeito anti-inflamatório, antioxidante e imunomodulador.
Em alguns casos, o uso de medicamentos específicos será necessário para controlar inflamações severas, infecções ou crises autoimunes.
Por isso, o diagnóstico e o plano de tratamento devem sempre ser orientados por profissionais qualificados.
E como prevenir?
A prevenção das doenças intestinais depende de bons hábitos diários. Primeiramente, é fundamental manter uma alimentação variada, rica em fibras naturais e alimentos fermentados que contenham probióticos, como iogurte e kefir.
Além disso, beber bastante água ajuda a manter o intestino hidratado e em bom funcionamento.
Bem como, também é importante reduzir o consumo de ultraprocessados, controlar o estresse com atividades relaxantes e manter uma rotina de exercícios físicos.
Vale ressaltar que a prática regular de exercícios estimula o movimento do intestino e favorece o equilíbrio da microbiota.
Outro ponto chave é evitar o uso exagerado de medicamentos, como antibióticos e anti-inflamatórios, que podem lesionar a mucosa intestinal.
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Referências
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Nutricionista – CRN 58462
Graduada em Nutrição pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) e pós-graduada em Comportamento Alimentar pelo Instituto de Pesquisas, Ensino e Gestão em Saúde (IPGS), Suzana possui ampla experiência na interface entre ciência e prática clínica.
Com um histórico de atuação em pesquisa científica e produção de conteúdos baseados em evidências, sua trajetória abrange desde a criação de materiais técnicos até consultorias relacionadas à alimentação e suplementação.
Atualmente, dedica-se ao marketing de conteúdo, com foco na divulgação de informações científicas de qualidade, além de contribuir para a educação alimentar por meio de textos e materiais direcionados ao público.
Suzana também colabora no desenvolvimento de estratégias para promover escolhas alimentares saudáveis e responsáveis, mantendo seu compromisso com a excelência científica e ética profissional.