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Dieta para diabetes gestacional: o que comer no tratamento

Diabetes gestacional o que comer. Mulher grávida cozinhando.
5 minutos de leitura

Na gestação, ocorre um mecanismo fisiológico de diminuição da sensibilidade à insulina que aumenta gradativamente e torna-se ainda mais evidente no segundo trimestre da gravidez. Quando a mulher não consegue compensar esse aumento típico, aumenta o risco do desenvolvimento de Diabetes Mellitus Gestacional (DMG).

Em uma revisão de ensaios clínicos feita por Criança, Orozco-González e Zuniga-Torres (2019), os principais fatores de risco são:

  • Índice de Massa Corporal (IMC) > 25kg/m2
  • Sedentarismo
  • Familiar de primeiro grau com diabetes
  • Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
  • Dislipidemia
  • Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP)

O DMG é uma alteração do metabolismo de carboidratos que tem gravidade variável e pode persistir após o término do período gestacional. Nesse sentido, o diagnóstico é feito por meio de um teste de tolerância à glicose oral, entre 24-28 semanas, com a ingestão de 50g de glicose, sendo que o principal objetivo do tratamento é controlar a glicemia materna para reduzir o risco de morbimortalidade.

Qual é a melhor dieta para diabetes gestacional?

Com base no exposto, os objetivos laboratoriais do plano alimentar são:

  • Glicemia de jejum <100 mg/dl
  • Glicemia prandial 120 mg/dl
  • HbA1c <6%

A dieta para gestante é controlada tanto do ponto de vista quantitativo como qualitativo em relação aos carboidratos; a atividade física deve ser estimulada e ajustada conforme idade gestacional; e a administração de insulina é feita quando há necessidade.

1. Carboidratos

O diabetes mellitus gestacional é um desequilíbrio no metabolismo de carboidratos, então é necessário um equilíbrio em seu consumo durante o tratamento do quadro. 

Porém, a restrição não deve ser severa, evitando assim inadequações nutricionais durante a gestação, já que as fontes de carboidratos também são fontes de vitaminas e minerais.

  • Prefira carboidratos na forma de alimentos in natura ou minimamente processados, como as verduras, legumes e frutas;
  • Consuma os carboidratos junto com alimentos fontes de fibra ou proteínas;
  • Evite consumir grandes quantidades de carboidrato em uma única refeição, divida entre as refeições do dia;
  • Não consuma alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, bolachas recheadas, salgadinhos e entre outros.

2. Fibras

As fibras são um tipo de carboidrato que não é absorvido pelo nosso organismo e que têm muitos benefícios para os pacientes diabéticos. Alimentos ricos em fibras deixam a digestão e absorção dos nutrientes mais lentas, evitando picos de glicose no sangue.

O consumo diário de uma alimentação rica e diversificada, com foco em alimentos naturais, já garante um bom aporte de fibras. A recomendação durante a gravidez é 28g por dia. 

3. Proteínas

As proteínas também deixam a digestão um pouco mais lenta, consequentemente evitando picos de glicose no sangue quando consumidas junto com carboidratos. 

De preferência para proteínas com menor percentual de gordura, pois as gorduras saturadas em excesso podem ser prejudiciais para o quadro de diabetes gestacional.

4. Ômega 3

A suplementação de ômega-3 na gravidez é importante, especialmente de DHA, pois tem importante papel anti-inflamatório no corpo humano, auxiliando de forma indireta no controle da glicemia materna devido a sua ação moduladora da inflamação.

Uma revisão sistemática e meta-análise (2020) investigou a eficácia da suplementação de ácidos graxos ômega-3 para o controle glicêmico em pacientes com diabetes gestacional. 

O consumo desses ácidos graxos resultou na redução da glicemia de jejum e na diminuição da resistência à insulina, comprovando que essa conduta pode proporcionar efeitos substancialmente benéficos no controle glicêmico e na resposta inflamatória em gestantes com diabetes.

Além disso, o ômega-3 vai da placenta para o feto e atua no crescimento e no desenvolvimento do cérebro, impactando no processo cognitivo da criança na infância. Isso porque de 15 a 20% do córtex cerebral são formados por DHA e, ao se ligar com os fosfolipídios, pode melhorar a eficiência da neurotransmissão. 

Quer saber mais?

Referências:

CRIANÇA, G. P.; OROZCO-GONZÁLEZ, C. N.; ZUNIGA-TORRES, M. G. Intervenções nutricionais para o tratamento do diabetes mellitus gestacional. Rev. Cienc. Saúde, v. 17, n. 1, Bogotá, 2019. Disponível em: <http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1692-72732019000100108> Acesso em: 23 nov. 2021.

REYES-MUÑOZ, E. et al. Nutritional supplements in the prevention of gestational diabetes mellitus: Evidence-based lessons learned. Gac. Méd. Méx., v. 156, n. 3, Cidade do México, 2020. Disponível em: <http://www.scielo.org.mx/scielo.php?pid=S0016-38132020000900043&script=sci_arttext> Acesso em: 24 nov. 2021.

AMARAL, Y. N. V. et al. Are There Changes in the Fatty Acid Profile of Breast Milk with Supplementation of Omega-3 Sources? A Systematic Review. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., v. 39, n. 3, Brasil, 2017. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/rbgo/a/Fx4VXtFWdqntkvGGbnyKbWj/?lang=en> Acesso em: 24 nov. 2021.

GAO L, Lin L. et al. The impact of omega-3 fatty acid supplementation on glycemic control in patients with gestational diabetes: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled studies. J Matern Fetal Neonatal Med., v. 33, n. 10, may. 2020.

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Nutricionista pela Universidade de São Paulo (USP).

Experiência acadêmica em pesquisa científica, trabalhando com projeto sobre tratamento de epilepsia com dieta cetogênica. Atuação em educação alimentar, desenvolvendo curso de capacitação para professores da rede pública sobre nutrição.

Trabalha com marketing de conteúdo, com foco na divulgação de informação de qualidade baseada em ciência sobre alimentação e suplementação.

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