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Síndrome do ovário policístico e nutrição: 5 estratégias

mulher com sindrome do ovario policistico
6 minutos de leitura

A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) afeta aproximadamente uma em cada cinco mulheres e é definida como um distúrbio endócrino e heterogêneo, com implicações reprodutivas, endocrinológicas, dermatológicas e ginecológicas.

Pode apresentar sintomas de distúrbios menstruais, infertilidade devido à disfunção ovulatória e sintomas androgênicos e sinais clínicos de hiperandrogenismo (como acne, hirsutismo e alopecia androgênica.

Também está associada a diversas complicações metabólicas, incluindo resistência à insulina (RI), obesidade, dislipidemia, hipertensão, e é fator de risco para síndrome metabólica, diabetes mellitus, carcinoma de endométrio, doença cardiovascular, entre outros. Ainda não existem no mercado medicamentos aprovados que sejam específicos para o seu tratamento.

Nesse sentido, a nutrição entra como uma estratégia terapêutica fundamental e eficaz para uma melhor qualidade de vida de mulheres com esta síndrome e, até mesmo, como um fator-chave para prevenção e tratamento dessa patologia, que é considerada a endocrinopatia mais comum durante a vida reprodutiva da mulher.

Estratégias nutricionais para o controle da SOP 

Os tratamentos não farmacológicos surgem como alternativa para diversas doenças crônicas, incluindo a SOP. Alguns pesquisadores indicam a suplementação isoladamente, porém a maioria dos estudos mostra a associação de nutrientes.

Diante disso, as estratégias nutricionais devem ser determinadas com base nas manifestações clínicas da paciente, por isso destacamos alguns nutrientes que podem contribuir para o prognóstico positivo dessa patologia:

1. Magnésio

Devido aos seus mecanismos de regulação das funções glicêmicas e neurológicas, propõe-se que o magnésio tenha um papel em condições associadas com resistência à insulina (RI) e depressão concomitantes, incluindo a síndrome do ovário policístico, bem como algumas doenças cardiovasculares e diabetes.

Alguns estudos relatam que uma concentração mais alta de magnésio foi associada à redução geral da RI em mulheres com SOP. 

Outras descobertas recentes sugerem que o magnésio pode melhorar os sintomas clínicos da desta síndrome, seja por seu papel na melhora da homeostase da glicose e na redução de andrógeno ou devido aos seus efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes.

Também é referido que a deficiência de magnésio pode resultar em vários distúrbios bioquímicos associados às patologias ginecológicas da SOP. 

Dadas suas importantes funções metabólicas e neurológicas, e uma vez que as mulheres com esta síndrome podem ser mais propensas a apresentar deficiência de magnésio e consumir menos alimentos ricos em magnésio, a suplementação de magnésio pode ser uma estratégia nutricional importante para este público. 

2. Ômega 3

O ômega 3 exerce papel importante no que diz respeito à síndrome dos ovários policísticos, por apresentar efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes, que induzem impactos positivos na melhora da sensibilidade à insulina. 

Estudos mostram que a suplementação de ômega-3 melhora significativamente os perfis androgênicos e os marcadores de resistência à insulina. 

Também é relatado em estudos que a suplementação conjunta do ácido graxo ômega 3 (1g) com a vitamina E (400UI), por 12 semanas, indicou melhorias dos aspectos endócrinos e metabólicos.

Outro estudo mostrou que a suplementação de ômega-3, com dosagem média de 2g/dia e durações que variaram de 2 a 24 semanas, causou melhora significativa dos parâmetros lipídicos, índice HOMA-IR, metabolismo da glicose e do estado inflamatório, atenuando os sintomas, como hirsutismo.

uma melher segurando duas cápsulas de ômega 3 e um copo de água

3. Vitamina D

Estudos mostram uma alta prevalência de deficiência da vitamina D em mulheres com SOP, estando isso relacionado ao metabolismo anormal do cálcio e do fosfato. 

E, ainda, caracterizando as pacientes por altos níveis de fósforo e do hormônio da paratireoide (PTH), que podem estar associados à obesidade devido ao aumento intracelular dos níveis de cálcio nos adipócitos, que desencadeia o aumento da lipogênese, ganho de peso, resistência à insulina e uma elevação acentuada nos triglicerídeos séricos.

Esses estudos também indicam que a suplementação de vitamina D pode contribuir para a melhora do metabolismo lipídico, regulação do ciclo celular, supressão do hormônio da paratireoide (PTH) e expressão do gene da apolipoproteína. 

A suplementação de vitamina D que obteve efeitos mais significativos foram em doses diárias baixas (<4000 UI/dia) e com tratamentos mais longos (>8 semanas).

Os resultados apresentaram diminuição dos níveis séricos de PTH, levaram a uma melhor capacidade antioxidante total e diminuição de níveis séricos de espécies reativas de oxigênio, o que, consequentemente, levou à melhora dos sintomas e regulação de ciclos menstruais.

4. Selênio

O selênio é parte fundamental das selenoproteínas que auxiliam nos processos redox e têm importantes funções antioxidantes e anti-inflamatórias. 

Ele também está envolvido em funções metabólicas, e acredita-se que suas concentrações plasmáticas estejam diminuídas em mulheres com SOP, levando potencialmente ao acúmulo de radicais livres e hiperandrogenismo.

Foi relatado que a suplementação com 200mcg de Se em mulheres com síndrome do ovário policístico, diariamente, por 8-12 semanas, apresentou redução de RI, inflamação e estresse oxidativo. 

5. Probióticos

A microbiota intestinal de mulheres com SOP apresenta menor diversidade de bactérias benéficas em comparação com mulheres que não apresentam a doença. 

Essa redução na diversidade microbiana intestinal tem sido associada ao hiperandrogenismo, bem como ao aumento dos níveis de inflamação sistêmica, os suplementos probióticos mostraram efeitos ao reduzirem a insulina em jejum, TG e VLDL.

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Quer saber mais?

Referências:

COUTINHO, M.E.F. et al. A importância da nutrição no tratamento da síndrome dos ovários policísticos. Investigação, Sociedade e Desenvolvimento, [S. l.], v. 11, n. 8, p. e56511831522, 2022. 

ELOBEID, T. et al. The Impact of Mineral Supplementation on Polycystic Ovarian SyndromeMetabolites, [S.L.], v. 12, n. 4, p. 338, 8 abr. 2022. 

ALESI, S. et al. Nutritional Supplements and Complementary Therapies in Polycystic Ovary Syndrome. Advances In Nutrition, [S.L.], v. 13, n. 4, p. 1243-1266, jul. 2022. 

CARDOSO, C. de A. G. et al. Suplementação do ômega-3 e da vitamina d na atenuação dos sintomas da síndrome dos ovários policísticos. RECIMA21 – Revista Científica Multidisciplinar, [S. l.], v. 3, n. 1, p. e311072, 2022. 

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Nutricionista pela Universidade de São Paulo (USP).

Experiência acadêmica em pesquisa científica, trabalhando com projeto sobre tratamento de epilepsia com dieta cetogênica. Atuação em educação alimentar, desenvolvendo curso de capacitação para professores da rede pública sobre nutrição.

Trabalha com marketing de conteúdo, com foco na divulgação de informação de qualidade baseada em ciência sobre alimentação e suplementação.

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