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Por muito tempo, a saúde da pele era tratada apenas como um meio estético, até se perceber como ela reage aos nossos momentos mais difíceis.
Quando estamos ansiosos, estressados ou sobrecarregados emocionalmente, o corpo responde de várias formas, e a pele costuma ser uma das primeiras a dar sinais.
Como órgão sensorial, a pele é bem sensível a alterações internas. Assim, situações de tensão ativam o sistema nervoso e aumentam a liberação de hormônios como o cortisol, interferindo na oleosidade e na barreira protetora da pele.
O resultado de tudo isso pode aparecer como coceiras, vermelhidão e/ou inflamação. Portanto, vem conosco entender mais a relação entre pele e saúde mental!
Sumário
Como a saúde mental afeta a pele?
Toda vez que o corpo enfrenta um estado de estresse, gera uma ativação do sistema nervoso central, o que altera o equilíbrio hormonal.
Com isso, essa mudança afeta o funcionamento da pele, principalmente pela ação do cortisol e da adrenalina, que podem estimular a produção de sebo, comprometer a barreira cutânea e aumentar a inflamação.
Então, quadros como acne, urticária, rosácea e vitiligo podem aparecer ou se agravar. Ainda que esses problemas não sejam causados pelas emoções, é fato que o estado mental atua como um gatilho ou fator de piora em muitos casos.
Além disso, assim como a mente pode afetar a pele, o contrário também acontece. Visto que alterações visíveis, como manchas, descamação, feridas, lesões ou acne, podem interferir na autoestima.
Muitas pessoas relatam vergonha de sair de casa, dificuldade para se relacionar ou depressão por causa da aparência da pele.
No geral, esse impacto é ainda mais forte em condições crônicas, como a psoríase e a alopecia, que apresentam sintomas recorrentes e, muitas vezes, incontroláveis.
Isso porque o medo das recaídas, a imprevisibilidade dos sintomas e a percepção de julgamento por parte de outras pessoas contribuem para o sofrimento emocional.
Nesse contexto, o cuidado com a pele precisa ser integrado ao suporte psicológico, para que o paciente não trate apenas os sintomas físicos, mas também recupere sua confiança e qualidade de vida.
Logo, cuidar da pele exige mais do que cremes ou medicamentos. Envolve também olhar para o emocional, identificar fontes de desequilíbrio e buscar práticas que ajudem a restaurar a harmonia entre mente e corpo.
O eixo intestino-pele-cérebro
Uma das explicações para essa interação entre mente e pele está no chamado eixo intestino-pele-cérebro.
Esse sistema de comunicação envolve o intestino, o cérebro e a pele, que trocam informações constantes através de hormônios, neurotransmissores e células imunes.
O intestino, por exemplo, possui uma rede nervosa capaz de enviar sinais ao cérebro. Com isso, esse diálogo influencia o humor, o apetite, o sono e também a pele.
Quando a microbiota intestinal está desequilibrada (situação chamada de disbiose), aumenta-se a inflamação no organismo, o que pode se manifestar tanto na saúde mental quanto na cutânea.
Ou seja, alterações emocionais podem prejudicar o intestino, e o desequilíbrio intestinal pode impactar a pele e o estado emocional.
Esse ciclo mostra a importância de uma abordagem ampla e integrativa, considerando todos os fatores ao mesmo tempo.
Doenças da pele ligadas a saúde mental
Muitas alterações na pele não surgem apenas por fatores externos ou genéticos, elas também refletem o estado emocional da pessoa. Conheça algumas das doenças da pele relacionadas a saúde mental:
Acne
A acne emocional é uma das doenças mais comuns, especialmente entre jovens e adultos que enfrentam pressão constante no trabalho, estudos ou relações.
Nesses momentos, o organismo libera maior quantidade de cortisol, que estimula a produção de sebo e contribui para a inflamação dos poros, piorando o quadro da acne, mesmo em quem já passou da adolescência.
Dermatite atópica
A dermatite atópica é uma condição inflamatória crônica que gera coceira intensa e pele ressecada.
Ela costuma se agravar diante da ansiedade ou insônia, criando um ciclo em que o psicológico piora a pele e a pele, por sua vez, gera ainda mais sofrimento mental.
Rosácea
A rosácea é marcada por vermelhidão e vasos aparentes no rosto, que também pode ser agravada por emoções intensas.
Nesse caso, situações embaraçosas, raiva ou ansiedade aumentam a vasodilatação cutânea, favorecendo crises de rubor facial e ardência, especialmente em ambientes quentes ou sob exposição ao sol.
Urticária
A urticária crônica espontânea (UCE), caracterizada por placas vermelhas, coceira e inchaços repentinos, pode surgir mesmo sem causa alérgica aparente.
Diversos estudos já associam seu aparecimento e recidivas a quadros de estresse prolongado, traumas e sofrimento emocional profundo.
Alopécia areata
A alopécia areata causa queda de pelos em diversas regiões do corpo ou falhas circulares no couro cabeludo.
Em muitos pacientes, os episódios de queda estão associados a perdas, traumas afetivos, crises de ansiedade ou estresse intenso.
Psoríase
A psoríase é uma condição inflamatória autoimune, que também pode ser influenciada por fatores psicológicos.
Nesse caso, o estresse não apenas desencadeia surtos como também reduz a eficácia de tratamentos, devido à piora da inflamação sistêmica.
Além disso, por ser uma doença crônica e de difícil controle, ela afeta a autoestima e pode levar à ansiedade e depressão.
Vitiligo
O vitiligo causa a perda progressiva da pigmentação da pele em áreas localizadas. Embora seja uma condição autoimune, o seu avanço costuma coincidir com períodos de desequilíbrio emocional, como luto, choques afetivos ou estresse extremo.
Lúpus cutâneo
Em pessoas com lúpus eritematoso sistêmico ou cutâneo, o estresse pode piorar as manifestações na pele, que incluem lesões em áreas expostas ao sol.
Assim, essa doença autoimune exige cuidados contínuos, e fatores emocionais podem influenciar na frequência e intensidade das crises.
Hiperidrose
A hiperidrose, ou suor excessivo, costuma ser agravada por situações de medo ou ansiedade social.
Nesse caso, o suor visível nas mãos, axilas ou rosto pode provocar constrangimento, levando a um ciclo de estresse antecipatório e piora do sintoma.
Pele e saúde mental: prevenção e cuidado
Manter o equilíbrio emocional é uma das chaves para preservar a saúde da pele. Além disso, em todo caso, o tratamento isolado, isto é, focado apenas na pele, tende a ser limitado e incompleto.
Portanto, o acompanhamento com psicólogos, dermatologistas, nutricionistas e, se necessário, psiquiatras, é fundamental para interromper o ciclo mente-pele e alcançar resultados duradouros.
Além disso, terapias complementares como meditação, mindfulness, exercício físico e suplementação adequada também podem acelerar a melhora, tanto emocional quanto cutânea.
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Referências
MELO, M. S. B. et al. Influência de fatores emocionais nas doenças crônicas de pele: O estresse como gatilho para o desenvolvimento, reincidência ou agravamento da psoríase. Revista de psicologia, v. 13, n. 46, p. 584-608, 2019.
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SANTANA, F. C. A. AVALIAÇÃO DO ESTRESSE CRÔNICO COMO ETIOLOGIA PARA DOENÇAS DERMATOLÓGICAS. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 10, n. 03, p. 1508-1518, 2024.
Nutricionista – CRN 58462
Graduada em Nutrição pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) e pós-graduada em Comportamento Alimentar pelo Instituto de Pesquisas, Ensino e Gestão em Saúde (IPGS), Suzana possui ampla experiência na interface entre ciência e prática clínica.
Com um histórico de atuação em pesquisa científica e produção de conteúdos baseados em evidências, sua trajetória abrange desde a criação de materiais técnicos até consultorias relacionadas à alimentação e suplementação.
Atualmente, dedica-se ao marketing de conteúdo, com foco na divulgação de informações científicas de qualidade, além de contribuir para a educação alimentar por meio de textos e materiais direcionados ao público.
Suzana também colabora no desenvolvimento de estratégias para promover escolhas alimentares saudáveis e responsáveis, mantendo seu compromisso com a excelência científica e ética profissional.