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O transtorno do espectro autista (TEA), conhecida popularmente como autismo, apresenta como principais características um comprometimento da interação social, além da comunicação verbal e não verbal. Começando normalmente antes de três anos de idade, porém com casos de desenvolvimento do transtorno após essa idade.
Acredita-se que a relação do ômega 3 com o transtorno se deva pelo modo como nos alimentamos. O que queremos dizer é que cada vez mais ingerimos alimentos ultraprocessados, sendo esses industrializados, com alto valor energético, baixo presença de vitaminas e minerais, ou seja, de baixo valor nutricional.
Com isso, aumentamos o consumo de gorduras poliinsaturadas como o ômega 6 e diminuímos a quantidade de ômega 3. Esse aumento de ômega 6 associado ao baixo consumo de ômega 3, desregula o equilíbrio entre as gorduras favorecendo o quadro de inflamação no organismo. E isso acaba por afetar o sistema nervoso central, e pode ser um dos fatores associados ao desenvolvimento da doença.
Outros fatores associados ao desenvolvimento de TEA são o parto prematuro, baixo peso ao nascer, infecções materna, tratamentos de infertilidade, poluentes ambientais, obesidade e diabetes, aumentam o risco para a criança..
Sumário
Ômega 3 no tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA)
A suplementação de ômega 3 tem sido estudada como terapia complementar aos sintomas cognitivos da criança com TEA. E apesar de algumas limitações, os resultados são muito relevantes para essas crianças e suas família.
Por exemplo, médicos americanos dividiram 31 crianças de 11 meses a 3 anos com sintomas de TEA em 2 grupos. Um grupo que suplementou por 3 meses com um suplemento que continha ômega 3 (338 mg de EPA e 225 mg de DHA), ômega 6 (83 mg de GLA) e ômega 9 (306mg).
E outro grupo controle, sem intervenção de qualquer suplemento. Eles avaliaram as crianças sobre aspectos do desenvolvimento da linguagem, e concluíram que as crianças que suplementam apesar de não ter desenvolvido a produção de palavras, aumentou o uso de gestos.
Enquanto outro estudo fez uma revisão de vários estudos e concluíram que não melhora aspectos de funcionalidade na criança com TEA. Contudo, melhora sintomas como hiperatividade, letargia e estereotipia. Além desses sintomas, sinais de raiva, também se tornaram menos frequentes com a suplementação.
Dosagem de ômega 3 para o Transtorno do Espectro Autista
Não existe uma recomendação específica para esse grupo, o ideal é seguir a recomendação por idade que exige maiores concentrações de DHA até os 2 anos de idade devido o desenvolvimento de órgãos como o cérebro. A recomendação diária varia de 0.6 a 1.200 mg de ômega 3, principalmente EPA e DHA.
Melhor ômega 3 para o Transtorno do Espectro Autista
Procure por suplementos que tenham certificação confirmando sua qualidade, poucas cápsulas por porção (variam de 2 a 6 cápsulas), vendidos em frascos escuros e com altas concentrações de ômega 3 (entre 1000 e 1200mg).
Ômega 3 e Síndrome de Asperger
A síndrome de Asperger é um estado do espectro autista, com maior interação social e funcionalidade motora. Normalmente são desajeitadas com as relações pessoais e possuem interesses específicos os quais querem saber o máximo possível.
Acredita-se que os resultados obtidos para o TEA também são observados nesse estado. Porém, assim como pro TEA a suplementação de ômega 3 para a síndrome de Asperger não é consenso de eficácia, porém alguns resultados positivos apoiam a ideia de se usar a suplementação de ômega 3 como terapia complementar.
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Referências:
CHENG, Yu-Shian et al. Supplementation of omega 3 fatty acids may improve hyperactivity, lethargy, and stereotypy in children with autism spectrum disorders: A meta-analysis of randomized controlled trials. Neuropsychiatric disease and treatment, v. 13, p. 2531, 2017.
FARAS, Hadeel; AL ATEEQI, Nahed; TIDMARSH, Lee. Autism spectrum disorders. Annals of Saudi medicine, v. 30, n. 4, p. 295-300, 2010.
MODABBERNIA, Amirhossein; VELTHORST, Eva; REICHENBERG, Abraham. Environmental risk factors for autism: an evidence-based review of systematic reviews and meta-analyses. Molecular autism, v. 8, n. 1, p. 13, 2017.
SHEPPARD, Kelly W. et al. Effect of omega-3 and-6 supplementation on language in preterm toddlers exhibiting autism spectrum disorder symptoms. Journal of autism and developmental disorders, v. 47, n. 11, p. 3358-3369, 2017.
CHENG, Yu-Shian et al. Supplementation of omega 3 fatty acids may improve hyperactivity, lethargy, and stereotypy in children with autism spectrum disorders: A meta-analysis of randomized controlled trials. Neuropsychiatric disease and treatment, v. 13, p. 2531, 2017.
MAZAHERY, Hajar et al. A randomised controlled trial of vitamin D and omega-3 long chain polyunsaturated fatty acids in the treatment of irritability and hyperactivity among children with autism spectrum disorder. The Journal of steroid biochemistry and molecular biology, v. 187, p. 9-16, 2019.
INSTITUTE OF MEDICINE (US) STANDING COMMITTEE ON THE SCIENTIFIC EVALUATION OF DIETARY REFERENCE INTAKES et al. Dietary reference intakes. In: Dietary Reference Intakes for Calcium, Phosphorus, Magnesium, Vitamin D, and Fluoride. National Academies Press (US), 1997.
Nutricionista e Mestre em Ciências pela UNIFESP.
Experiência acadêmica em pesquisa científica. Atua como professora convidada em cursos de graduação e pós graduação na área da saúde.
Profissional com sólida formação em pesquisa e inovação. Atua na interseção entre o desenvolvimento de produtos com base em ciências e inovação para a saúde, e o marketing de conteúdo.