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Mindful Eating: como aplicar no seu consultório

mindful-eating-nutricionista
7 minutos de leitura

Com que frequência nos flagramos comendo apressadamente, engolindo a comida sem pensar? Quantas vezes almoçamos na companhia do celular ou resolvendo questões de trabalho, diante do computador, sem prestar a mínima atenção no próprio prato?

No mundo agitado em que vivemos, muitas vezes, comemos de forma
automática e desatenta.

Com isso, toda vez que repetimos esse tipo de comportamento, nossa percepção de fome e saciedade pode ser alterada. Pois, a correria do dia a dia pode levar às escolhas alimentares e uma desconexão entre nossas mentes e corpos. 

Nos últimos anos, surgiu um grande número de evidências científicas sobre abordagens sem dieta, incluindo alimentação consciente, para melhoria da saúde sem foco na perda de peso.

Esse tipo de estratégia é chamada de mindful eating, uma abordagem utilizada na área de comportamento alimentar com o intuito de promover saúde e prevenir doenças, ela tem sido muito utilizada na prática clínica nutricional. 

A alimentação consciente promove experiências alimentares atentas e propositais, com o foco no momento e sem julgamento. Essa estratégia deriva da meditação mindfulness, que pode auxiliar no comportamento alimentar mais saudável. 

Por isso, a seguir, discorreremos sobre o mindful eating para que você entenda quando vale a pena aplicar essas técnicas com seus pacientes e por quê.

O que é o mindful eating?

O mindful eating, ou comer com atenção plena, pode ser definido como atenção sem julgamento ou crítica às sensações físicas e emocionais despertadas durante o ato de comer ou em contexto relacionado à comida.

Ou seja, é uma experiência que engaja todas as partes do nosso ser (corpo, mente e coração) na escolha e preparo da comida, bem como no ato de comê-la em si. 

Essa ação envolve todos os sentidos e imerge-nos nas cores, texturas, aromas, sabores e, até mesmo, sons do comer e beber.

Permitindo-nos que sejamos curiosos e até lúdicos enquanto investigamos nossas respostas à comida e nossos sinais internos de fome e saciedade.

Dessa forma, o comer com atenção plena é muito mais amplo e complexo do que simplesmente “comer devagar, prestando atenção ao que se está comendo”.

A atenção plena está enraizada na noção de que se ignoramos algo que estamos vendo, tocando ou comendo, é como se esse algo não existisse. 

Portanto, se comemos distraídos, assistindo à televisão, por exemplo, não estamos de fato saboreando o que comemos, assim, continuaremos com fome e insatisfeitos e sairemos, em breve, procurando por algo que nutra e satisfaça.

Fatores associados às escolhas alimentares

Os fatores mais importantes que influenciam a escolha dos alimentos incluem sabor e custo. Outros motivos abrangem regulação afetiva, minimização do estresse, aumento de sentimentos positivos, conveniência, como proximidade de casa, tempo necessário para preparar a comida e controle de peso.

Comer para causar uma boa impressão ou para ser sociável também influencia muito a decisão de comer de uma pessoa.

Sendo que a importância desses motivos varia de acordo com características individuais, como idade e sexo.

Por exemplo, adultos jovens tendem a priorizar alimentos saborosos, fome, prazer, conveniência, apelo visual e regulação afetiva, enquanto adultos mais velhos são mais propensos a fazer escolhas alimentares baseadas na saúde.

Além disso, as escolhas alimentares são influenciadas por gatilhos ambientais. A fome para combater a privação de energia é o gatilho biológico mais fundamental para comer.

No entanto, forças externas podem influenciar e alterar as respostas fisiológicas, levando os indivíduos a quererem comer na ausência de fome, conceito conhecido como fome hedônica, ou seja, comer por prazer, fome psicológica. 

Inúmeras pressões ambientais induzem as pessoas a comer na ausência de fome.

Por exemplo, independentemente dos níveis de fome, aquelas que assistem à publicidade de alimentos consomem maiores quantidades de alimentos do que aquelas que assistem à publicidade não alimentar. 

Comer com atenção plena versus comer emocional

Reagir é uma forma automática e impensada de agir em resposta a essas situações, e inclui pensamentos (como “eu não mereço”), emoções (como raiva), ações (como gritar, xingar) e experiências físicas corporais (como tensão muscular). Essas reações podem ser agressivas e autodestrutivas. 

No caso da alimentação, uma forma de reação a situações negativas seria o comer emocional, que, na maioria das vezes, é exagerado ou compulsivo.

Por isso é tão importante analisar os pensamentos. Porque são justamente eles que, muitas vezes, levam-nos a praticar determinados comportamentos disfuncionais. 

Crença ➜ Pensamentos ➜ Emoções ➜ Comportamento 

Exemplo:

  • Crença: não posso comer pão quando estou de dieta.
  • Pensamento: não consigo me controlar, vou comer só hoje e na segunda-feira volto à dieta.
  • Emoção: culpa.
  • Comportamento: como vários pães, pois na segunda irei entrar em um período de restrição.
mulher comendo salada praticando mindful eating

Quais são os benefícios do mindful eating?

Alguns estudos mostram que a utilização do mindful eating nas doenças crônicas não transmissíveis (obesidade, HAS e DM) apresenta resultados positivos na redução no ganho de peso, na fome e na alimentação emocional.

Proporcionado, assim, uma melhor qualidade de vida, bem como é uma intervenção preventiva ou adjuvante no diabetes de tipo I e II e na hipertensão.

Além disso, a prática e treinamento em atenção plena pode ajudar o paciente a manter o controle e evitar uma reação indesejada ou impensada.

Quando se pratica a atenção plena, pode-se, deliberadamente, fazer uma pausa e acessar o que está acontecendo naquele exato momento. 

Com atenção, é possível se tornar um observador curioso de sua própria experiência, sem julgamentos ou crítica.

No caso da alimentação, responder de forma apropriada a determinadas situações ou emoções permite uma pausa antes da reação, podendo evitar exageros e compulsões.

Como se capacitar para utilizar o mindiful eating com pacientes?

Embora seja uma capacidade inata do ser humano, a atenção plena nem sempre é praticada no dia a dia, mesmo por parte de profissionais de saúde, como os nutricionistas.

O treinamento em atenção plena é vivencial e, para poder aplicá-lo em seus pacientes, o profissional deve passar por treinamentos formais de meditação baseada em atenção plena e comer com atenção plena, além de procurar praticá-la com frequência no seu dia a dia. 

A prática da atenção plena auxilia também no trabalho do próprio nutricionista, já que ele se torna mais consciente do que está ocorrendo no momento presente e, dessa forma, tem mais facilidade para praticar a escuta ativa de seus pacientes.

O profissional deve estimular seu paciente a enxergar a experiência alimentar de forma gentil e curiosa, e não com culpa e julgamento.

Mesmo nas situações em que ele tenha comido mais ou algo que não gostaria de ter comido, chamar atenção para o que ele estava pensando ou sentindo naquele momento pode ajudá-lo a refletir sobre a experiência e preparar-se de forma diferente para situações futuras.

Para você, que se interessou pelo assunto e gostaria de se aprofundar, existem diferentes formas de fazer isso. Para saber mais sobre os cursos e formação: 

Centro Brasileiro de Mindful Eating 

Mindfulness Brasil

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Referências

ALVARENGA, Marle et al. Nutrição Comportamental. Barueri: Manole, 2015.
HOARE, J. K. et al. Mindful and Intuitive Eating Imagery on Instagram: a content analysis. Nutrients, [S.L.], v. 14, n. 18, p. 3834, 16 set. 2022. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36145207/. Acesso em: 26
maio 2023.

BEZERRA, M. B. G. S. et al. O mindful eating modifica o comportamento alimentar em indivíduos com excesso de peso? Research, Society And Development, [S.L.], v. 10, n. 3, p. e36110313465, 18 mar. 2021. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/13465. Acesso em: 26 maio 2023.

SORENSEN, M. D. et al. Integrating Mindfulness Into Eating Behaviors. American Journal Of Lifestyle Medicine, [S.L.], v. 13, n. 6, p. 537-539, 15 ago. 2019. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31662716/. Acesso em: 26 maio 2023.

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Nutricionista pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) e pós graduada em Comportamento Alimentar pelo Instituto de Pesquisas, Ensino e Gestão em Saúde (IPGS).

Experiência acadêmica em pesquisa científica e produção de conteúdos com embasamento científico. Trabalha com marketing de conteúdo, com foco na divulgação de informação de qualidade baseada em ciência sobre alimentação e suplementação.

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