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Ansiedade na gravidez: sintomas, riscos e como controlar

Ansiedade na gravidez. Mulher sentada no chão e olhar preocupado.
10 minutos de leitura

A gravidez é um momento de muitas felicidades e descobertas para a mãe, mas também pode ocasionar estresse e dificuldades. Por esses motivos, a gestação e o pós-parto se tornam um momento onde a mulher está mais vulnerável. 

Esse cenário de vulnerabilidade pode predispor o aparecimento (ou reaparecimento) de distúrbios da saúde mental, como depressão e ansiedade. As duas doenças são as desordens psicológicas mais comuns no pré-natal e pós-parto.

Cerca de 11 a 21% das mulheres sofrem de ansiedade durante a gestação. É comum que o quadro se inicie no primeiro ou terceiro trimestre, quando as mulheres experienciam maiores estresses lidando com o fato de que se tornarão mães ou com as mudanças que a chegada do bebê ocasionará em sua vida.

Mesmo sendo um dos principais fardos que acomete a saúde mental das mulheres durante a gravidez, na maior parte dos casos a ansiedade não é diagnosticada. Esse fato é consequência direta dos estigmas relacionados à doença e a gestação.

Existe uma grande expectativa sobre as mulheres durante esse período de estarem sempre felizes com a perspectiva de se tornarem mães, dificultando com que possam expressar seus sentimentos. Principalmente quando esses são de tristeza e irritabilidade.

A criação dessa imagem da mulher grávida começa pelo fato de serem consideradas “protegidas” pelos hormônios da gravidez. Enquanto a depressão pós-parto é estudada e reconhecida, as gestantes que passam por problemas psicológicos não têm o mesmo apoio.

Quais os sintomas de ansiedade na gravidez?

Os sintomas de ansiedade na gravidez variam entre os mais comuns relacionados a doenças, mas também podem ser inespecíficos. Esse é um dos fatores que contribui para a dificuldade de se realizar um diagnóstico da condição.

Os principais sintomas relacionados à ansiedade podem ser divididos entre emocionais e somáticos. Os sintomas emocionais descrevem os sentimentos gerados pelo quadro de ansiedade durante a gravidez. As descrições mais comuns são:

  • Medo do desconhecido ou de eventos específicos (como o parto, problemas com a saúde da crianças, entre outros);
  • Irritabilidade;
  • Nervosismo;
  • Mudanças de humor;
  • Pânico;
  • Desconforto psicológico ao pensar que está grávida.

Enquanto os sintomas somáticos dizem respeito às sensações físicas que o quadro de ansiedade pode ocasionar. Os mais relatados por mulheres grávidas nessa situação são:

  • Alterações no sono (insônia, dificuldade para dormir e pesadelos);
  • Fadiga ou perda de energia;
  • Tremores;
  • Palpitações e dores no peito;
  • Falta de ar ou hiperventilação;
  • Náusea, vômito e perda de apetite.

A gestação promove muitas mudanças no corpo da mulher, físicas e hormonais. As alterações desencadeiam sintomas que variam entre os indivíduos. Os sintomas de ansiedade na gravidez muitas vezes se confundem com essas mudanças no corpo da mãe.

Nesse período também existe um foco muito maior na saúde física, com a saúde mental colocada em segundo plano. A razão teórica para isso é garantir a saúde do bebê. No entanto, a saúde mental também afeta o desenvolvimento da criança e não pode ser deixada de lado.

Como tratar a ansiedade na gravidez?

Quando sinais e sintomas de ansiedade na gravidez são identificados em mulheres é necessário que o profissional de saúde direcione essa paciente para um psiquiatra e um psicólogo. Ambos são os profissionais de referência para o tratamento de problemas psicológicos e conseguem escolher qual o melhor tratamento a ser seguido para cada caso.

1. Terapia

O acompanhamento psicológico é muito importante para o tratamento dos quadros de ansiedade. Como casos prévios de ansiedade são um dos fatores de risco, o ideal seria que essas mulheres já tivessem o acompanhamento desse profissional de saúde.

A terapia cognitivo comportamental é uma das linhas de tratamento mais indicadas para o quadro de ansiedade associado a gravidez. Seu foco é mudar pensamento, ações e emoções disfuncionais, além de usar estratégias para controle das crises de ansiedade.

2. Tratamento farmacológico

Nos quadros mais graves, o tratamento farmacológico deve ser utilizado. O psiquiatra deve encontrar a opção adequada para o uso na gravidez. Nem todos os fármacos são recomendados durante o período por possíveis efeitos colaterais para o desenvolvimento da criança.

3. Tratamentos complementares

Os tratamentos complementares são utilizados junto ao tratamento tradicional, visando melhores resultados e qualidade de vida. São baseados em práticas saudáveis que causam alívio e controle dos sintomas, emocionais e físicos.

Essas práticas podem ser utilizadas por todas as mulheres, diagnosticadas com ansiedade ou não, e contribuem muito para a prevenção do desenvolvimento dos sintomas de ansiedade na gravidez.

  • Atividade Física

A prática regular de exercícios físicos contribui para a saúde da mulher durante a gravidez, reduzindo a chance de complicações relacionadas à gestação. Além disso, a atividade física auxilia na redução do estresse e produz hormônios que promovem sensação de bem-estar.

  • Sono adequado

Problemas relacionados ao sono são os principais sintomas físicos de ansiedade. Alguns hábitos pequenos podem auxiliar em uma melhor noite de sono, como evitar fazer refeições grandes próximo a hora de dormir, evitar uso de celular e outras telas após deitar, realizar atividades que ajudem a relaxar (banho, chá, leitura, massagem, etc) e dormir em um ambiente sem iluminação e barulhos externos.

  • Escrever

Colocar no papel suas emoções auxilia algumas mulheres a extravasar sentimentos que estão presos dentro de si, permitindo compreender melhor o que você está sentindo, inclusive seus medos e preocupações relacionados à gestação.

  • Planejamento

Medo do desconhecido ou de eventos específicos da gravidez (como parto e saúde do bebê) são os principais sintomas emocionais da ansiedade nesse período. Planejar esses eventos pode diminuir a sensação de falta de controle e gerar uma sensação de estabilidade.

  • Yoga, massagem, meditação e acupuntura

Essas quatro práticas ajudam no alívio do estresse e relaxamento, causando alívio dos sintomas emocionais e físicos. A prática de acupuntura em pontos específicos também auxilia no alívio de quadros de enjoo na gravidez.

  • Suplementação de ômega 3

O ômega 3 é um nutriente com diversas funções importantes para o cérebro. Ele não é produzido pelo nosso corpo e deve ser consumido através da alimentação. No entanto, suas principais fontes são peixes de água gelada O consumo de frutos do mar não é recomendado na alimentação na gravidez pelo acúmulo de mercúrio nesses animais, que pode trazer problemas para o desenvolvimento da criança.

A melhor opção nesse caso é a suplementação. Os benefícios do ômega 3 para a  ansiedade são seu efeito anti-inflamatório no cérebro, o estímulo da produção de serotonina (o hormônio do bem-estar) e seu papel na melhora da comunicação entre os neurônios.

Quem tem ansiedade piora na gravidez?

Aproximadamente 50% das gestantes que sofrem de ansiedade têm um histórico prévio da doença. Esse contato prévio com a desordem psicológica pode ter acontecido em gestações anteriores ou em qualquer outro momento da vida.

O diagnóstico e tratamento pregresso de ansiedade ou depressão é considerado o principal fator de risco para o desenvolvimento, ou reaparecimento, da doença durante os nove meses de gestação.

Devido a esta relação, questionamentos relacionados ao psicológico e psicossocial da mulher devem fazer parte da rotina dos profissionais da saúde que acompanham as futuras mães no pré-natal. 

3 principais fatores de risco para ansiedade na gravidez

Identificar os fatores de risco para as mulheres mais vulneráveis a serem acometidas por ansiedade na gravidez, permite que medidas preventivas sejam colocadas em prática.

Reconhecer e tratar os alertas iniciais evita as consequências a longo prazo para a saúde da mãe e do bebê. Acometimentos da saúde mental durante os nove meses de gestação aumentam em até três vezes o risco da mulher desenvolver depressão pós-parto.

As consequências para a saúde do bebê são devido a diminuição do fluxo sanguíneo para o feto e a exposição aumentada ao cortisol, o hormônio do estresse. Esse quadro leva a desfechos como parto prematuro, baixo peso ao nascer e anomalias do desenvolvimento cognitivo.

1. Problemas psicossociais

Os problemas psicossociais se tornam um fardo grande para a vida da mulher durante este período vulnerável. Essas questões podem estar relacionadas a quaisquer relacionamentos e ambientes que a mulher tenha ou conviva.

É necessário que durante o acompanhamento pré-natal uma avaliação multidimensional e compreensiva seja realizada junto da mãe para identificar esses fatores de risco. Fontes de apoio, qualidade de suas relações, estressores recentes, abuso físico ou sexual, são alguns dos pontos que devem ser abordados na avaliação.

2. Abuso de álcool ou cigarro

Existe uma correlação direta entre o desenvolvimento de ansiedade na gravidez e um histórico de abuso de álcool. Mesmo nos casos onde o consumo é interrompido com a descoberta da chegada do bebê, o fator de risco ainda está presente.

O álcool é um alimento que deve ser excluído da dieta para a gestante. Seu consumo acarreta em muitas consequências negativas para a saúde e desenvolvimento da criança.

No caso do cigarro a relação também existe, mas ainda não está clara se o fumo é um risco para o desenvolvimento de ansiedade ou se a própria doença leva a hábitos menos saudáveis. 

No entanto, o abuso dessas duas substâncias (ou outras drogas) é um fator de risco para problemas de saúde mental em momentos mais vulneráveis, como os nove meses da gravidez.

3. Histórico prévio de ansiedade ou depressão

O diagnóstico e tratamento anterior de um problema de saúde mental, principalmente ansiedade ou depressão, é o fator de risco mais forte para desenvolver o mesmo quadro na gestação.

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Referências:

Kendig S, Keats JP, Hoffman MC, Kay LB, Miller ES, Moore Simas TA, Frieder A, Hackley B, Indman P, Raines C, Semenuk K, Wisner KL, Lemieux LA. Consensus Bundle on Maternal Mental Health: Perinatal Depression and Anxiety. Obstet Gynecol. 2017 Mar;129(3):422-430. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28178041/ 

Bayrampour H, Ali E, McNeil DA, Benzies K, MacQueen G, Tough S. Pregnancy-related anxiety: A concept analysis. Int J Nurs Stud. 2016 Mar;55:115-30. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26626973/ 

Biaggi A, Conroy S, Pawlby S, Pariante CM. Identifying the women at risk of antenatal anxiety and depression: A systematic review. J Affect Disord. 2016 Feb;191:62-77. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26650969/ 

Harvard Medical School. How can you manage anxiety during pregnancy? Harvard Health Publishing. Boston, 25 de junho de 2021. Disponível em: https://www.health.harvard.edu/blog/how-can-you-manage-anxiety-during-pregnancy-202106252512. Acesso em 31/01/2021.

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Nutricionista pela Universidade de São Paulo (USP).

Experiência acadêmica em pesquisa científica, trabalhando com projeto sobre tratamento de epilepsia com dieta cetogênica. Atuação em educação alimentar, desenvolvendo curso de capacitação para professores da rede pública sobre nutrição.

Trabalha com marketing de conteúdo, com foco na divulgação de informação de qualidade baseada em ciência sobre alimentação e suplementação.

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