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O ferro na gravidez é um mineral crucial, uma vez que a anemia gestacional costuma ser prevalente em muitas mulheres.
Durante a gestação, o corpo exige uma maior demanda metabólica de ferro, o que requer um aumento na ingestão do nutriente. Seja por alimentos de origem animal, vegetal ou pela suplementação.
Todavia, o Ministério da Saúde estabelece que todas as gestantes devem fazer a suplementação profilática de ferro até o terceiro mês pós-parto.
Sumário
Por que o ferro na gravidez é importante?
Antes mesmo de engravidar, o organismo necessita que o ferro esteja em doses ideais para que o corpo funcione adequadamente e se mantenha saudável.
Por isso, é fundamental que a mulher já tenha estoques suficientes do mineral antes da gravidez para minimizar os riscos de anemia ferropriva e os seus efeitos.
Uma vez que a mulher fica grávida, o ferro começa a ser ainda mais primordial. A começar pelo fato de que a quantidade de sangue da mulher aumenta em até 50% durante a gravidez. Então, o corpo precisa mais ainda do nutriente!
O ferro na gravidez desempenha papéis importantes, como:
- previne o baixo peso do bebê ao nascer, parto prematuro, aborto espontâneo, pré-eclâmpsia e até mesmo morbilidade e mortalidade materna/fetal;
- atua na síntese de hemoglobina e hemácias tanto da mãe como do bebê;
- contribui para a manutenção do sistema imunológico;
- auxilia no transporte de oxigênio para todas as células do corpo;
- participa no desenvolvimento da placenta e do Sistema Nervoso Central (SNC) do bebê.
O que é anemia gestacional?
A anemia gestacional ocorre devido a deficiência de ferro na gravidez, sendo uma condição bastante comum. Devido a carência, o corpo passa a produzir menos hemoglobinas e hemácias, e também ocorre redução de ferritina (proteína que estoca ferro).
Desse modo, a anemia gestacional é definida quando:
- os níveis de hemoglobina estão abaixo de 11g/dL no primeiro e terceiro trimestre, e abaixo de 10,5g/dL no segundo trimestre; e
- os níveis de hematócrito estão abaixo de 33% no primeiro e terceiro trimestre, e abaixo de 32% no segundo trimestre.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a mulher tem um risco aumentado de sofrer com a carência de ferro na gravidez. Uma vez que as necessidades durante o período são maiores e a ingestão do mineral na dieta da gestante costuma ser insuficiente.
No Brasil, todas as farinhas de trigo, mandioca e milho são enriquecidas com ferro, devido a importância desse mineral para todas as pessoas, sobretudo as gestantes e crianças.
Qual é a quantidade necessária de ferro na gravidez?
Para as gestantes, a recomendação da ingestão mínima de ferro é de 27 mg por dia. Diferente de mulheres não grávidas que varia de 8 a 18 mg por dia.
Quais são os melhores alimentos ricos em ferro na gravidez?
Os alimentos ricos em ferro são bastante variados, mas vale lembrar que os de origem animal são as melhores opções.
Basicamente, existem dois tipos de ferro nos alimentos: o ferro heme (presente sobretudo nas carnes vermelhas) e o ferro não heme (presente nas leguminosas, grãos, verduras, oleaginosas e legumes).
Acontece que o ferro heme é melhor absorvido no intestino, o que garante que ele chegará em doses mais adequadas na corrente sanguínea. Diferente do ferro não heme, que pode precisar de outros nutrientes, como a vitamina C, para ter uma melhor absorção.
Por isso, as gestantes vegetarianas ou veganas devem sempre consumir um alimento rico em ferro em conjunto com um alimento fonte de vitamina C.
Confira abaixo a tabela com alguns alimentos ricos em ferro e a sua quantidade em 100 gramas!
| Alimento | Quantidade de ferro em 100g |
| Amêndoa | 3,1 mg |
| Carne bovina (músculo) | 2,4 mg |
| Castanha de caju | 5,2 mg |
| Castanha do Pará | 2,3 mg |
| Coco | 1,8 mg |
| Ervilha | 1,4 mg |
| Feijão carioca | 1,3 mg |
| Fígado bovino | 5,8 mg |
| Lentilha | 3,34 mg |
| Ovo | 1,5 mg |
| Peito de frango | 1,5 mg |
| Soja | 15,7 mg |
Devo tomar suplementação de ferro na gravidez?
No geral, as gestantes costumam apresentar queda na absorção do ferro no primeiro trimestre da gestação, e aumento de 5 a 9 vezes na absorção do ferro no segundo e terceiro trimestre gestacional, respectivamente.
Embora esse seja um processo fisiológico, a maioria das grávidas apresentam ingestão insuficiente de ferro na alimentação. Por isso, a introdução de alimentos fontes e a suplementação de ferro na gravidez são tão necessárias.
De acordo com o Programa Nacional de Suplementação de Ferro, do Ministério da Saúde, todas as gestantes devem fazer a suplementação profilática de 40 mg de ferro diariamente, desde a descoberta da gravidez até o terceiro mês pós-parto.
A suplementação deve ser feita mediante a administração de sulfato ferroso. Devendo ser disponibilizada gratuitamente nas farmácias das Unidades Básicas de Saúde, de todos os municípios brasileiros.
Vale lembrar que a suplementação de ácido fólico é tão importante quanto! Isso porque, a anemia também pode ocorrer devido a deficiência desta vitamina. O que pode gerar defeitos congênitos no crânio e coluna vertebral do bebê.
Ferro e ácido fólico são algumas das principais vitaminas para gestantes.
Quais são os sintomas da deficiência de ferro na gravidez?
No geral, a anemia gestacional pode provocar diversas complicações tanto para a mãe como para o bebê. A começar pelo aumento do risco para má-formação fetal, aborto espontâneo e parto prematuro.
Além disso, outras complicações também podem surgir. Na mãe, há maiores riscos de:
- cansaço excessivo;
- hipertensão e diabetes gestacional;
- enfraquecimento do sistema imunológico;
- queda de cabelo;
- complicações devido a sangramentos no parto.
Já no bebê, pode haver alterações no desenvolvimento neurológico, rotura prematura das membranas e baixo peso ao nascer.
Gestantes com anemia devem ter parto cesárea?
A anemia não define via de parto, devendo essa ser indicada pelo médico obstetra, de acordo com as individualidades de cada gestante.
No entanto, é fundamental que a anemia seja tratada o quanto antes para reduzir as chances de complicações na gestação e no parto. Sendo, inclusive, ideal que a mulher esteja com bons níveis de ferro no organismo antes mesmo de engravidar.
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Referências
BRANDÃO, A. H. F.; CABRAL, M. A.; CABRAL, A. C. V. A suplementação de ferro na gravidez: orientações atuais. FEMINA. Rio de Janeiro, RJ, v. 39, n. 5, p. 286-289, maio, 2011.
FOOD AND NUTRITION BOARD, INSTITUTE OF MEDICINE, NATIONAL ACADEMIES. Dietary Reference Intakes (DRIs): Recommended Dietary Allowances and Adequate Intakes, Elements.
OLIVEIRA, L. B. M. et al. Anemia ferropriva na gravidez e a suplementação de sulfato ferroso. Revista Brasileira de Desenvolvimento. Curitiba, PR, v. 7, n. 5, p. 48225-48233, maio, 2021.
PHILIPPI, S. T. Tabela de composição de alimentos: Suporte para decisão nutricional. 4ª edição. Manole Ltda, 2013, 1-142.
PROGRAMA NACIONAL DE SUPLEMENTAÇÃO DE FERRO: MANUAL DE CONDUTAS GERAIS. Ministério da Saúde. Brasília, DF, 2013.
Tabela Brasileira de Composição dos Alimentos (TACO). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação (NEPA). 4ª edição. Campinas, SP, 2011.
Nutricionista pela Universidade de São Paulo (USP).
Experiência acadêmica em pesquisa científica, trabalhando com projeto sobre tratamento de epilepsia com dieta cetogênica. Atuação em educação alimentar, desenvolvendo curso de capacitação para professores da rede pública sobre nutrição.
Trabalha com marketing de conteúdo, com foco na divulgação de informação de qualidade baseada em ciência sobre alimentação e suplementação.
