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Gravidez de alto risco: tudo o que você precisa saber

Mulher grávida sentada em sofá passando mal.
6 minutos de leitura

De acordo com o Ministério da Saúde, a gravidez de alto risco é definida como “aquela na qual a vida ou a saúde da mãe e/ou do feto e/ou do recém-nascido têm maiores chances de serem atingidas que as da média da população considerada”.

Ou seja, a presença de fatores biológicos, psicológicos, sociodemográficos e ambientais que aumentam o risco de complicações durante a gestação, parto e pós-parto. 

No mundo, de 6 a 33% das gestações são consideradas de alto risco. Essa ampla variação decorre do grande número de fatores que podem caracterizar essa condição. 

No entanto, quando a gravidez de alto risco é identificada de forma correta no início do pré-natal, acompanhada de adequado manejo e tratamento, as possíveis consequências e intercorrências são menores.

Quando a gravidez é considerada de alto risco?

Os fatores que tornam a gravidez de alto risco são divididos em pré-existentes, quando já estão presentes antes do início da gestação, e condições ou complicações que surgem ao decorrer da gestação.

Quais os 3 fatores de risco no início da gestação?

1. Características individuais e condições sociodemográficas desfavoráveis: São os fatores relacionados à idade, estilo de vida, condição social e econômica.

  • Idade maior que 35 anos;
  • Idade menor que 15 anos ou menarca há menos de 2 anos*;
  • Altura menor que 1,45m;
  • IMC pré-gestacional menor 18,5 (baixo peso) e maior que 30 (obesidade); 
  • Anormalidades estruturais nos órgãos reprodutivos;
  • Situação conjugal insegura;
  • Conflitos familiares;
  • Baixa escolaridade;
  • Condições ambientais desfavoráveis;
  • Dependência de drogas lícitas ou ilícitas;
  • Hábitos de vida – fumo e álcool;
  • Exposição a riscos ocupacionais: esforço físico, carga horária, rotatividade de horário,
  • Exposição a agentes físicos, químicos e biológicos nocivos, estresse.

2. História reprodutiva anterior: Fatores que ocorreram em gestações anteriores ou na história reprodutiva da mulher.

  • Abortamento habitual;
  • Morte perinatal explicada e inexplicada;
  • História de recém-nascido com crescimento restrito ou malformado;
  • Parto pré-termo anterior;
  • Infertilidade feminina;
  • Intervalo interpartal menor que dois anos ou maior que cinco anos;
  • Nuliparidade e grande multiparidade;
  • Síndrome hemorrágica ou hipertensiva;
  • Diabetes gestacional;
  • Cirurgia uterina anterior (incluindo duas ou mais cesáreas anteriores).

3. Condições clínicas pré-existentes: Doenças atuais ou histórico de doenças da mãe tem.

  • Hipertensão arterial;
  • Doenças no coração, pulmão, rins, sangue e órgãos sexuais;
  • Doenças endócrina (principalmente diabetes e da tireóide);
  • Epilepsia;
  • Doenças infecciosas (considerar a situação epidemiológica local);
  • Doenças autoimunes;
  • Câncer.

Quais os 3 fatores de risco que surgem ao decorrer da gestação?

1. Exposição indevida ou acidental a fatores teratogênicos: Os fatores teratogênicos são aqueles no qual a presença ou ausência durante a gestação leva a malformações do bebê em desenvolvimento. Esses agentes teratogênicos podem ser nutrientes, químicos ou organismos. Os mais comuns são deficiência de ácido fólico, radiação e medicamentos (como a isotretinoína).

2. Doença obstétrica na gravidez atual: Doenças e condições relacionadas ou desencadeadas pela gestação.

  • Desvio quanto ao crescimento uterino, número de fetos e volume de líquido amniótico;
  • Trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada;
  • Ganho ponderal inadequado;
  • Pré-eclâmpsia e eclâmpsia;
  • Diabetes gestacional;
  • Amniorrexe prematura;
  • Hemorragias da gestação;
  • Insuficiência istmo-cervical;
  • Aloimunização;
  • Óbito fetal.

3. Intercorrências clínicas: Doenças e condições que não estão relacionadas à gestação, mas caso ocorram, podem colocar em risco a saúde da mãe e bebê.

  • Doenças infectocontagiosas vividas durante a presente gestação (ITU, doenças do trato respiratório, rubéola, toxoplasmose etc.);
  • Doenças clínicas diagnosticadas pela primeira vez nessa gestação (cardiopatias, endocrinopatias).

Quais os cuidados de uma gravidez de alto risco?

É importante lembrar que a classificação como uma gravidez de alto risco não é uma sentença de morte para a mãe ou o bebê, mas exige cuidados específicos para o fator que desencadeou a situação.

O pré-natal é o acompanhamento médico da mulher durante a gravidez. É nessas consultas que os fatores de risco são identificados, por isso quanto antes a gestação é identificada, maior o tempo para manejo e tratamento da condição.

Portanto, o acompanhamento médico é o principal cuidado que a mãe deve se atentar quando a gestação é considerada de alto risco, seguindo todas as orientações e recomendações fornecidas pelo médico.

Alimentação na gravidez de alto risco

Entre as condições que surgem durante a gestação e entram nas classificações de fatores de riscos, alguns estão relacionados à alimentação na gravidez

1. Ganho de peso inadequado durante a gestação

Todas as mulheres ganham peso durante a gestação. Existem faixas de ganho de peso adequado, calculado com base no IMC da mãe no início da gravidez. 

Mesmo para mulheres que iniciam a gestação com obesidade, o ganho de peso também ocorre e não devem ser realizadas dietas restritas nesse período.

IMCkg/m²GANHO DE PESO NA GESTAÇÃO (kg)
Baixo Peso<18,512,5-18,0
Peso normal18,5-24,911,5-16,0
Sobrepeso25,0-29,97,0-11,5
Obesidade>305,0-9,0
Fonte: Institute of Medicine (IOM), 2009.

2. Eclâmpsia e pré-eclâmpsia

A eclâmpsia e pré-eclâmpsia na gravidez são o aumento da pressão arterial, considerada uma hipertensão específica. 

Da mesma forma que a diabetes gestacional, o estado nutricional materno e alimentação inadequada são os principais fatores que desencadeiam a doença.

3. Diabetes gestacional

O desenvolvimento de diabetes mellitus durante a gravidez ocorre pelas alterações no metabolismo da glicose durante esse período junto a uma alimentação inadequada.

Portanto, uma dieta materna adequada é o principal fator determinante para a prevenção do desenvolvimento da doença, que, quando presente, leva a classificação da gravidez de risco. 

4. Ômega 3

O ômega 3 na gestação é um nutriente essencial. Além de desempenhar papel no desenvolvimento do cérebro e olhos do bebê, seus benefícios são inúmeros na gravidez de alto risco.

Bons níveis do nutriente no corpo materno estão relacionados a menor risco de aborto espontâneo, parto prematuro, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e eclâmpsia.

A gravidez de alto risco impõe desafios a um período que já é naturalmente delicado. No entanto, com o auxílio de profissionais da saúde e o tratamento adequado, a saúde da mãe e do bebê pode ser mantida!

Quer saber mais?

Referências:

BRASIL. Gestação de alto risco: manual técnico. Ministério da Saúde. Distrito Federal, 2010.

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Nutricionista pela Universidade de São Paulo (USP).

Experiência acadêmica em pesquisa científica, trabalhando com projeto sobre tratamento de epilepsia com dieta cetogênica. Atuação em educação alimentar, desenvolvendo curso de capacitação para professores da rede pública sobre nutrição.

Trabalha com marketing de conteúdo, com foco na divulgação de informação de qualidade baseada em ciência sobre alimentação e suplementação.

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